Proposta preliminar de novo sistema de transporte coletivo da RMF traz mudanças operacionais e de infraestrutura

Nesta terça-feira, 30 de agosto de 2016, a equipe do Observatório da Mobilidade Urbana da UFSC apresentou propostas para um novo sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Florianópolis – RMF. A apresentação foi parte do 2º Seminário de Integração Metropolitana do Transporte Coletivo, que abordou questões operacionais, de infraestrutura e de política tarifária. Após a exposição, foi realizado um debate durante o qual foram aprofundadas e esclarecidas questões referentes ao modelo proposto.

O evento foi realizado no auditório da Associação dos Municípios da Grande Florianópolis – GRANFPOLIS e contou com a presença de cerca de 80 participantes – entre representantes de órgãos públicos, de entidades da sociedade civil, profissionais da área e da população em geral.


Mapa mostra as estações e corredores de transporte coletivo propostas pelo Observatório. Fonte: Divulgação

Sistema Tronco-Alimentador


O novo sistema proposto pelo Observatório para a Região Metropolitana de Florianópolis segue as diretrizes gerais do PLAMUS – Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis, e se baseia no chamado sistema tronco-alimentador. Nesse formato, as linhas troncais operam os eixos de maior demanda de passageiros, com maior oferta de horários, enquanto as linhas alimentadoras conectam esses eixos troncais com áreas de menor demanda de passageiros.


“A operação que estamos propondo visa diminuir a sobreposição de linhas por meio de uma troncalização do sistema, melhorando a eficiência, aumentando as frequências dos serviços e diminuindo os tempos de viagem dos usuários”, explica Célio Sztoltz, pesquisador associado do Observatório.

Obras de infraestrutura

A infraestrutura necessária para a operação do sistema proposto inclui corredores de BRT, faixas exclusivas para ônibus, terminais de integração e estações de pré-embarque. A proposta do Observatório focou na porção continental da RMF, tendo em vista que Florianópolis já possui um sistema licitado em operação.


Estão previstos quatro corredores de transporte público coletivo – o corredor BR-101, o corredor Via Expressa, o corredor Continental Sul (que abrange a Av. Presidente Kennedy, a Beira Mar de São José e a Av. Gov. Ivo Silveira), e o corredor Continental Norte (que abrange a Rua Leoberto Leal, a Av. Marinheiro Max Schramm, a Rua Eurico Gaspar Dutra e a Rua Fúlvio Aducci). Os dois primeiros são corredores de BRT e os outros são faixas exclusivas para ônibus.


Estão sendo previstos também quatro terminais de integração – dois em São José, um em Biguaçu e um em Palhoça – além de 11 estações de BRT na BR-101 e Via Expressa, a serem implantados gradativamente. A localização dos terminais e das estações foi determinada após estudos extensos e detalhados que consideraram diversos aspectos relevantes ao transporte coletivo, como densidade populacional, densidade de emprego, dados de origem e destino, análise do tecido urbano, facilidade de acesso para o usuário, facilidade de integração entre linhas de ônibus e o BRT, entre outros. Diferente dos pontos de ônibus, as estações estão alocadas no centro da via e no mesmo nível do piso do ônibus, e a cobrança de tarifas é feita no acesso à estação.


“O ideal é que as estações estejam localizadas onde as moradias e os empregos estão, que tenham fácil acesso para o pedestre e que estejam distribuídas de forma a facilitar a integração e atender o maior número de pessoas”, afirma Eduardo Leite Souza, arquiteto do Observatório.

Imagem conceitual de estação de BRT na Via Expressa. Fonte: Divulgação


Divulgação de pesquisa de integração intermunicipal


Durante o seminário também foram divulgados os resultados de pesquisa realizada pela equipe do Observatório no TICEN e no Terminal Cidade de Florianópolis, com mais de 3.500 usuários das linhas de ônibus intermunicipais. Segundo a pesquisa, cerca de 30% dos usuários que utilizam o serviço intermunicipal integram para o serviço municipal no centro de Florianópolis. Cerca de 70% caminham até o seu destino final a partir desses terminais. O dado surpreendente foi que a média de caminhada chega a 790 metros por pessoa, com alguns deslocamentos atingindo até 2 quilômetros.


“Um dos motivos das pessoas se disporem a caminhar tanto é a falta de integração tarifária. Entre pagar mais uma passagem e percorrer grandes distâncias a pé até o destino final, observamos que alguns optam pela segunda opção”, analisa Célio Sztoltz, pesquisador associado do Observatório.


A solução que está sendo pensada pelo Observatório é a cobrança de tarifa com patamares de integração. Desta maneira, não há a necessidade de o usuário pagar uma segunda tarifa integral para fazer transbordo entre linhas distintas, pagando somente um valor adicional reduzido para completar a viagem até o destino final.

O Projeto NeoTrans


Os trabalhos apresentados no seminário fazem parte do Projeto Neotrans, um projeto do Observatório em convênio com a Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis (SUDERF). Segundo Guilherme Medeiros, engenheiro da SUDERF, a proposta apresentada está perfeitamente alinhada com os interesses do Governo do Estado de Santa Catarina, e servirá de base para reestruturação e licitação da operação do sistema de transporte coletivo da região.



“O estudo que o Observatório está desenvolvendo em parceria com a SUDERF é de alto interesse público e por isso trabalhamos para que o resultado seja efetivamente aplicado.”, diz Guilherme Medeiros.


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