Projeto de integração e de gestão compartilhada do transporte coletivo é apresentado na Câmara de São José

O projeto que cria um sistema único de ônibus para a região metropolitana da Grande Florianópolis foi discutido em audiência pública na noite desta quarta-feira, 4, na Câmara de Vereadores de São José. Representantes da Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis (Suderf) e do Observatório da Mobilidade Urbana da UFSC explicaram como a integração deve funcionar. A audiência também contou com a participação de usuários de ônibus, vereadores, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Público (Sintraturb) e pesquisadores da área da Mobilidade Urbana.

O superintendente da Suderf, Matheus Hoffmann, explicou que uma das principais vantagens do novo sistema é a gestão associada entre Governo do Estado e municípios. Dessa forma, as decisões são tomadas em conjunto. “Após aprovação do projeto de lei pelas câmaras de vereadores, saberemos quais municípios querem participar da integração. Depois disso, vamos discutir todas as alternativas em conjunto para construir uma rede integrada que realmente atenda às necessidades dos usuários”, afirmou Hoffmann. Em São José, o PL já passou por uma primeira aprovação e deve ir à votação novamente ainda neste ano.

A secretária de Segurança, Defesa Social e Trânsito de São José, Andréa Pacheco, entende que o projeto municipal de transporte, não integrado ao intermunicipal, seria ruim à população, mais caro, menos eficiente e com menos serviços. “Há algumas preocupações sobre a delegação de poder, então estamos participando assiduamente do Coderf (Comitê de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis) e fazendo parte da comissão técnica que detalha a gestão do projeto. Isso significa que todas as demandas do josefense e dos vereadores, que antes encaminhávamos em ofício ao antigo Deter, agora serão discutidas nesse grupo de gestão compartilhada”, disse. “Eu não vejo nenhum ponto negativo nesse projeto, muito pelo contrário, salientando que São José dispõe de um transporte coletivo bastante precário, porque as linhas se sobrepõem”, concluiu.


O professor do Observatório da Mobilidade Urbana da UFSC, Werner Kraus Jr. explicou que a proposta tem sido debatida entre Governo do Estado, prefeituras e sociedade civil organizada desde 2015. Um dos principais benefícios ao usuário é a possibilidade de deslocamentos diretos na região continental sem necessidade de entrar na Ilha. “A concepção do sistema metropolitano é de uma integração forte norte-sul de São José. É um novo desenho, não é mais aquele em direção à Ilha, quer dizer o cidadão de Barreiros para ir ao Kobrasol tem que entrar na Ilha para depois voltar para a área continental. Isso não vai mais acontecer”, explicou.


Uso do ônibus de São José

Em São José, o sistema de ônibus atende 80 mil passageiros por dia, sendo que 14% das viagens ocorrem nas linhas municipais de São José e 85% das viagens nas intermunicipais. O problema é que 15% a 20% destas viagens em ônibus intermunicipais são deslocamentos municipais. Kobrasol/Campinas é a região na área continental da Região Metropolitana da Grande Florianópolis que mais atrai pessoas.

Além disso, o josefense usa muito o automóvel para se deslocar dentro do município, aponta estudo do Observatório. “É o município da região metropolitana que mais utiliza automóvel e moto porque o sistema de transporte coletivo é muito ruim, concebido em direção à Ilha”, salientou Werner Kraus Jr.

A rede metropolitana vai reforçar serviços municipais, facilitar acesso à região de Kobrasol/Campinas, rever itinerários, melhorar atendimento populacional e fazer a integração temporal no centro e os bairros.


Florianópolis dentro do sistema

A integração do transporte com Florianópolis pode acontecer mesmo antes do fim do contrato que está em andamento na cidade. O secretário-adjunto de Mobilidade e Planejamento Urbano de Florianópolis, Marcelo Roberto da Silva, esteve presente na audiência e reiterou o interesse da Capital de participar do sistema. “Nós temos um contrato que pode ser revisto e não há nenhum impedimento legal nessa situação, não há necessidade de esperar até 2034, que é quando ele acaba. Temos interesse sim, até porque Florianópolis absorve todas as linhas intermunicipais e sabemos que a solução do sistema de Florianópolis passa pela região metropolitana”, afirmou.


Acessibilidade

A acessibilidade no transporte coletivo também foi um dos temas da audiência. O professor Werner Kraus Jr. explicou que a acessibilidade universal é uma lei e que os ônibus precisam, obrigatoriamente, oferecer elevador para o cadeirante. “Na porção continental da região metropolitana, a falta de contrato dificulta para o operador a segurança jurídica para trocar de ônibus. É importante destacar este ponto, a licitação é urgente para dar segurança ao próprio operador. Hoje, a renovação da frota é complicada porque ele não sabe por quanto tempo vai operar”. disse. O novo sistema vai mudar essa realidade. Será exigida a acessibilidade universal para toda a frota.

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  • Com informações do Observatório

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